Sobre
A construção da obra
Por Soraya Sckell, autora do texto:
Escrevi Os Três Porquinhos como uma fábula sobre ética e justiça. A questão do dualismo ético entre o bem e o mal é representada em dois conflitos, um externo e outro interno: os bons Porquinhos tentam livrar-se do Lobo Mau, enquanto este é na verdade um bom lobo que está também a tentar livrar-se do mal que o domina. A questão da justiça, por sua vez, é representada pelas condições indignas de trabalho e de habitação: os Porquinhos da casa de palha e de madeira não são preguiçosos, mas antes um Porquinho pedreiro e um Porquinho carpinteiro que arduamente passam o dia a construir uma casa de tijolo – para outra pessoa –, uma casa que eles próprios não podem habitar. Contudo, a solidariedade, a amizade e o amor, assim como a música e a poesia, tornam os Porquinhos imbatíveis e levam ao triunfo do bem e da justiça – empoderamento, resistência e reconstrução de si
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Por Ize Kampus, autor da ilustração:
Para vivenciar o mundo recriado por Soraya sobre os Três Porquinhos, meu primeiro passo foi construir uma biblioteca dos personagens principais. Feito isso, saí a campo com minha máquina fotográfica para captar detalhes de plantas, texturas e formas de objetos que fariam parte da história. Também vasculhei minhas fotos, registos das partes do mundo por onde estive. Submeti as imagens icônicas escolhidas ao crivo do Photoshop e, em seguida, decompus os resultados no Bitmaps do Coreldraw. A partir daí, manipulei as formas, amoldando-as aos meus objetivos gráficos. Foi assim, por exemplo, que desenhei a “casa de palha” com elementos de fotos que fiz na África, trabalhando numa fusão entre desenho e fotografia. Na contracapa, usei uma foto que tirei das montanhas de Carrara, na Itália. Nesta mesma imagem, fundi outra foto que tirei de helicóptero do Parque do Carmo, em São Paulo. A maioria das referências vegetais foram fotografadas nas ruas do bairro onde moro – o Ipiranga, em São Paulo. Para a cena na qual os Porquinhos se encontram com o fazendeiro, usei fotos que tirei das montanhas de Parati e de Minas Gerais. Parte da vegetação do início da história vem de fotos que fiz da Patagónia argentina. O fundo lunar que compõe imagens do Lobo em primeiro plano foi fotografado da janela do meu apartamento. Deste modo, eu e os três Porquinhos viajamos juntos nesta aventura.